Disparos nos pés
21-12-2023
Gritamos tudo.
Perdemos a voz.
Mas raramente nos calamos.
Julgam-nos às cegas.
De vontade desenhada em tons transparentes.
Sabemos as regras.
Somos promessa.
Num tremer do corpo que nos desmente.
Fazemos votos de mudança.
Voltamos as costas a passos meio dados.
Como quem recusa uma dança a dois, a meio de uma noite sem juramentos trocados.
Somos queda antiga.
Quebra participativa.
Ficamos à porta.
Choramos a derrota.
Andamos de baloiço e queremos voar.
Seguimos viagem sem rota.
Sem malas.
Sem bilhete de volta.
Inventamos corridas sem sequer sabermos andar.
Levantamos questões.
Baixamos os braços.
São eleições, são disparos nos pés!
Caneta que não escreve.
Coração que se (res)sente