António Coito

A chegada é difícil - cheira a saudade, provoca dor, causa estranheza e envolve labor. O que fazer quando estamos perdidos e desejamos voltar ao ninho? A verdade é que, por momentos, sentimos que somos evadidos por um novo "eu". Um "eu" fora do seu tempo, do seu lugar e da sua forma de pensar.

A deambulação nas subidas e descidas desta cidade convida a uma viagem ao passado. Partindo do dia em que viemos ao Mundo, passando pelas conquistas diárias do desenvolvimento humano. As primeiras palavras, os primeiros passos (que originaram algumas nódoas negras), o primeiro aniversário, a primeira a viagem, o primeiro brinquedo, a primeira ferida no joelho, a primeira birra, o primeiro dia de aulas, o primeiro professor, o primeiro livro, a primeira visita de estudo... diria, ainda, nesta longa lista, o primeiro telemóvel. Recordo-me de ser criança e pedir brinquedos aos meus pais e do dia em que me "despedi" dos mesmos, pois estava na altura de crescer um pouco. Hoje, as crianças pedem equipamentos eletrónicos. Uma verdadeira ferida sem cura na nossa geração! Brincar é tão precioso e faz falta...

Por mares e terras desafiadoras, o primeiro dia na faculdade chega. A exaustiva repetição das expressões "primeiras" ou "primeiros" provocam uma ideia de início dentro do nosso ser. É mais fácil pensarmos que tudo na vida é um início. Atirarmo-nos à Vida, concretizando sonhos, desejos, vontades, caindo muitas vezes, mas aprendendo sempre que possível.

Na verdade, a Escola da Vida é irrepetível e difere de pessoa para pessoa. Entre experiências de praxe, convívios de curso e aulas diferentes do ensino secundário, parece surgir um apaziguamento. É certo que nem todos somos feitos para a vida académica, mas tentar é sempre um ato de honestidade individual! Assim, podemos afirmar que tentamos.

Com latas e nabos pelo meio, fica o indício de uma alma minimamente confortada, preparada para criar uma raiz com Coimbra dos Amores. Será Coimbra "a sombra da minha capa" (Zeca Afonso)!